Placas de Rua da Maré
Em 2012 foi lançado a primeira versão do Guia de Ruas da Maré, uma inciativa da Redes da Maré e do Observatório de Favelas, com o apoio das 16 Associações de Moradores locais e do projeto Censo Maré, de onde o guia se originou.
Era a primeira vez que todas as ruas, becos e travessas da Maré foram incluídas do mapa oficial da Cidade do Rio de Janeiro.
As favelas começaram a aparecer no mapa oficial do Município do Rio de Janeiro em 1947 e ainda hoje muitas ali não se encontram. Lançar o Guia foi uma ação fundamental para o reconhecimento e a visibilidade de uma população representada negativamente por boa parte da população da cidade.
Ampliar as referências cartográficas deste território significa dar mais visibilidade às dezenas de milhares de moradas para as quais o ato de declarar o endereço ainda tem efeito vão ou desfavorável ao morador, no contexto da cidade.
O projeto piloto envolveu a criação de placas de cerâmica baseadas nos depoimentos dos residentes das ruas selecionadas. O projeto evoluiu para um conjunto de ações estratégicas que visam envolver e mobilizar os moradores durante o processo de produção. A confecção das placas, além de ter servido como elemento mobilizador, fez parte de um projeto urbano que exigiu discussão e definição conjunta com a municipalidade para garantir sua continuidade.
Visibilidade e reconhecimento são os primeiros passos para que se exerça o direito à cidade.
A exemplo da Nova Holanda, comunidade piloto do projeto, os nomes das ruas da Maré começaram a ser re-definidos em 1985, a partir de reuniões com os moradores de cada uma delas.
Surgida na década de 60, a comunidade foi construída pelo poder público como um “conjunto habitacional provisório (CHP)”, e como os parques proletários da década de 1940 terminou por constituir-se em mais uma favela. Suas ruas eram então nomeadas por números e letras.
Em 2013, a placa de rua da Maré passou a fazer parte do acervo artístico do Museu de Arte do Rio - MAR.
E 2014 foi a versão atualizada do Guia de Ruas da Maré.
Em 2015, a equipe da Secretaria Municipal de Urbanismo tirou a "certidão de nascimento" de aproximadamente 505 ruas, das então 815 ruas do bairro.
Em 2016 o projeto foi selecionado para representar o Brasil na 15ª Bienal Internacional de Arquitetura de Veneza. Neste ano foram publicados no Diário Oficial 5 decretos oficializando 505 ruas do bairro Maré.
As placas foram expostas na França e em Portugal e, em 2017, na 11a Bienal de Arquitetura de São Paulo.
O conjunto de favelas da Maré possui cerca de 140.000 habitantes, população maior do que a de 80% dos municípios brasileiros. Legalmente definida como bairro em 1994, muitos moradores ainda desconhecem esse fato e optam por informar a residência no bairro vizinho de Bonsucesso. Entre os 160 bairros da cidade a Maré é o 9º mais populoso, com um contingente tão expressivo quanto o de Copacabana ou Barra da Tijuca.
Criação e Coordenação artística
Laura Taves
Produção e oficinas
Márcia Queiroz e Lúcia Rodrigues
Coordenação do projeto piloto
Laura Taves e Nurdane Caglar Bourcier
Coordenação Redes da Maré
Eliana Sousa Silva
Instalação das Placas
Mestre Carlos Miranda
Início: Dezembro de 2012.
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